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13º Olhar de Cinema | Crítica | Pepe

Foto do escritor: Carol BallanCarol Ballan

Pepe (República Dominicana, França, Namíbia e Alemanha, 2024)


Título Original: Pepe

Direção: Nelson Carlos de Los Santos Aria

Roteiro: Nelson Carlos de Los Santos Aria

Elenco principal: Jhon Narváez, Fareed Matjila, Harmony Ahalwa, Shifafure Faustinus, Sor María Río, Jorge Puntillón García e Steven Alexander

Distribuição brasileira: Atualmente sem distribuidora oficial

Duração: 122 minutos


A história de Pepe, o hipopótamo de Pablo Escobar, já é uma realidade que parece ficção. Pensar em um animal gigante de outro continente trazido pelo capricho de um traficante e que, com a morte de seu dono, virou um problema público junto aos seus três colegas de espécie. Hoje sendo uma população de mais de 50 indivíduos, a questão dos hipopótamos segue sendo um problema para a Colômbia, mas não é essa abordagem realista que o filme se propõe a tratar.


Hipopótamo Pepe

Se iniciando com Pepe percebendo que está morto e é capaz de falar, ele começa a história pelo fim para demonstrar que o que importa não é a cronologia dos fatos, mas sim a exploração da temática que envolve retirar um animal de seu continente original e levá-lo para um novo ambiente. Com uma narração em primeira pessoa feita por algumas vozes que representam Pepe, somos levados a uma longa viagem. 

Apesar de tocar nesses assuntos de ordem mais geral, estamos imersos no universo de Pepe, cujas preocupações são muito mais mundanas, como seu irmão Pablito buscando a dominância do grupo. E sua história vai se misturando com a dos vilarejos locais na medida em que suas aparições geram medo, mesmo que a sua morte tenha acabado gerando comoção.


Essa narrativa não tem linearidade e não se preocupa em se manter completamente fiel a fatos relevantes, bem pelo contrário. Temos no meio dessa confusão algumas narrativas secundárias como a do homem que avista Pepe e cuja esposa não acredita, gerando longas discussões. Temos uma menina que está se preparando para um concurso de beleza local. E até mesmo um grupo de alemães que viaja à África para o avistamento de rinocerontes e é informado que ele é considerado um mau augúrio pelos locais.


Nessa mistura de várias ideias que muitas vezes o filme se perde, ainda mais considerando que ele utiliza uma linguagem visual também experimental, com longos planos intercalados por cortes súbitos e muitas conversas acontecendo em off enquanto encaramos a tela preta. Se por vezes é difícil entender o que o diretor está tentando passar com essa linguagem bastante característica, isso é compensado pelas belíssimas imagens captadas no rio. Entre as cenas surreais dos rinocerontes simplesmente existindo ali e outras como a procissão de competidoras do concurso de beleza pelo rio, muitas vezes é melhor se entregar aos sentidos do que tentar uma grande racionalização.


É claro que muitas críticas são colocadas ao colonialismo, tanto na figura de Pepe quanto fora dele. O diretor não é alheio ao que acontece, sendo também dominicano. Mas para assisti-lo, é necessário ser um tanto experimentalista e ir com a mente aberta para muitos fragmentos que dificilmente farão algum sentido.


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