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51º Festival de Gramado - dia 15/08: Da Porta Pra Fora e sessão de curtas

Foto do escritor: Carol BallanCarol Ballan

Da Porta Pra Fora (Thiago Foresti, 2023)

Apesar de muitos filmes mostrarem os acontecimentos do pós-Covid no Brasil, e até alguns acompanharem a vida de pessoas durante esse período, a ideia de acompanhar o movimento dos motoboys e o casting realizado são um grande diferencial para o documentário. Com diversos pontos de vista de uma das linhas de frente da pandemia em Brasília, a equipe conseguiu acompanhar perfeitamente o momento em que o serviço começou a passar por uma maior precarização.



Acompanhamos o dia-a-dia de Keliane, Sorriso e Marcos e como seu trabalho vai mudando conforme o avançar da pandemia e do desgoverno de Jair Messias Bolsonaro. Aqui, já há uma visão diferenciada sobre o assunto por conta dos pontos de vista assumidos, sendo Keliane contra o governo e Marcos a favor. Também é divertido acompanhar o processo de Sorriso enquanto ele vai ganhando força política e se colocando como um líder sindical.

Alguns momentos do filme ainda serão muito sensíveis para um país que ainda está se recuperando do caos político e sanitário passado. Por exemplo, o uso das falas de Bolsonaro durante a crise é um tanto direto, e continua causando o mesmo desespero do que quando as frases foram ditas. Como uma pessoa que perdeu alguém por conta do Coronavírus, eu aconselho que veja com cautela, pois podem haver fortes gatilhos.

O que mais chama a atenção no documentário é exatamente a forma que ele decidiu assumir a partir do momento em que tinha seu casting: deixar os motoboys gravarem livremente o que quisessem mostrar. Há algumas poucas intromissões para contextualizar o momento da pandemia, mas no geral, sente-se muito próximo dessas pessoas que acompanhamos. Concordando ou não politicamente com eles, há uma humanização que seria difícil de criar de qualquer outra forma. Isso se soma ao uso de diversos tipos de câmeras criando uma linguagem informal que combina com a temática e traz a fluidez necessária.

O maior trabalho do filme possivelmente foi do editor, que teve acesso a uma infinidade de conteúdo gravado. Felizmente, ele conseguiu criar uma linha narrativa clara e mesclou questões pessoais dos motoboys com questões mais gerais sobre o Brasil. É esse equilíbrio mantém o interesse do espectador mesmo quando o assunto geral da pandemia já seja conhecido. É um filme importante de ser visto pela maioria das pessoas repensarem sobre a precarização do trabalho e até sobre como lidar com a oposição nas próximas eleições. No entanto, por ser um documentário independente, ainda não se sabe como será a sua distribuição.


Sessão de Curtas

Ela Mora Logo Ali (Fabiano Barros e Rafael Rogante, 2023)

É muito feliz ver os filmes fora do Sul e Sudeste chegando ao festival, ainda mais quando consideramos a sua temática, sobre mães atípicas, e a delicadeza com a qual o assunto é retratado. Há um foco narrativo claro, a estrutura é muito bem pensada e o seu andamento é tocante. Apesar de haver pequenos momentos de descontinuidade da edição, são facilmente relevados pelo total incrível. A atriz principal, Agrael de Jesus, é uma revelação sensacional no papel e consegue transmitir toda a força e o conflito da personagem.

Remendo (Roger Ghill, 2023)

Uma feliz surpresa de um curta-metragem super estilizado, filmado por pessoas negras e contando a história de um homem negro bissexual e de meia idade. Com referências ao mestre Spike Lee e mostrando um tanto da cultura capixaba e da ancestralidade afrodescendente do diretor, há a vontade de continuar assistindo o universo criado em um longa-metragem e poder conhecer mais do personagem divertidíssimo criado.

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