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Crítica | Mostra de SP | A Vilã das Nove

Foto do escritor: Carol BallanCarol Ballan

A Vilã das Nove (Brasil, 2024)


Título Original: A Vilã das Nove

Direção: Teodoro Poppovic

Roteiro: Teodoro Poppovic, Maíra Bühler e André Pereira 

Elenco principal: Karine Telles, Camila Márdila, Felipe Rocha, Alice Wegmann, Antonio Pitanga, Stella Rabello, Laura Pessoa e Valentina Bandeira

Duração: 103 minutos

Distribuição brasileira: Star Originals


Visto em uma dobradinha com Câncer com Ascendente em Virgem, como realizado nesta mostra,  A Vilã das Nove ganha ainda mais potência. O que o primeiro filme tenta repelir como linguagem tentando se apegar a um realismo aqui é completamente abraçado e incorporado à produção, sendo a tradição da novela das nove um elemento essencial para o funcionamento da trama.


Karine Telles

Tentando não dar muita informação sobre a trama, basta sabermos que Roberta (Karine Telles) é uma mulher que vive com um grande segredo, mesmo tendo uma vida aparentemente sossegada, recém divorciada e com uma filha, Nara (Laura Pessoa). Só que sua vida tem uma gigantesca reviravolta quando ela percebe que seu segredo está sendo dramatizado na novela das nove, correndo o risco de expô-la, além da dúvida sobre quem teve acesso à sua história.


O artifício do melodrama é utilizado com sucesso, assim como o aproveitamento de toda a estética da novela para criar conflitos que estão acontecendo fora da trama fictícia dentro da obra. Principalmente quando tratamos da direção de arte, os artifícios de figurinos absurdos para o dia-a-dia, casas perfeitamente arrumadas, trocas súbitas de cor de cabelo e até festas claramente saídas da imaginação de alguém, se pega emprestado tudo o que poderia tornar o filme mais visualmente interessante para utilizar a favor da obra.


O mesmo vale para a narrativa. Entre a estrutura que apela para flashbacks, uma rede de personagens onde todos se conhecem e se relacionam, coincidências gigantescas e reviravoltas, é óbvio que muito é tomado do ambiente de novelas. O som, com uso de motivos para determinadas situações e personagens, também adere completamente a esse plano. Aqui, quando se admite fazê-lo, a obra parece se divertir com esses elementos, e não tentar escondê-los como normalmente acontece em filmes. Entre sátira e homenagem, percebe-se um olhar detalhado e carinhoso com a teledramaturgia brasileira.

 

O maior problema, assim como nas novelas, é que o roteiro acaba se enrolando tanto na própria trama que tem dificuldades em encerrar o filme. O problema é mais facilmente resolvido em novelas porque sua duração é mais longa, e elas normalmente continuam indefinidamente até que se tenha uma nova narrativa para ser lançada naquele horário. No entanto, com o formato de menos de duas horas, o final da narrativa acaba sendo muito acelerado e quebrando um pouco com as expectativas lançadas pela primeira metade da obra. É encontrada uma solução conciliadora que encerra a obra, mas que foge do tom exagerado de tudo que vem antes e diminui um pouco o seu impacto final.


Percebe-se que este é um filme feito por alguém que conhece muito o universo de novelas, e também as adora. Uma feliz homenagem à nossa televisão aberta, o filme é uma dramédia que certamente fará o público se divertir.


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