Transformers: O Despertar das Feras (Steven Caple Jr., 2023)
É impressionante que a franquia Transformers tenha chegado ao seu sétimo filme, mesmo com os lucros declinantes ao longo dos anos. Entrando em um caminho um pouco pessoal, eu nunca fui atraída pela série, e raramente assisto obras focadas na ação. Então, como um desafio para a minha própria cinefilia, resolvi assistir todos para compreender melhor o contexto do lançamento. E foi uma tarefa bastante importante, porque grande parte do charme dele está nos personagens e suas personalidades já definidas anteriormente.

Em seu segundo longa-metragem sem a direção de Michael Bay, coube a Steven Caple Jr. um papel bastante difícil de reviver a franquia em decadência. Após Bumblebee (Travis Knight, 2018) ter conseguido inverter a ordem natural dos blockbusters e fazer maior sucesso com a crítica do que com o público, o diretor tentou equilibrar a parte artística e sensível dele e acrescentar muitos, mas muitos Transformers. Há uma curiosidade sobre como os fãs do filme original vão reagir a ele, já que nessa busca ele não consegue encontrar um meio-termo, criando cenas que são piscadelas para esses dois públicos.
Em uma escolha ousada, o filme se inicia em uma sequência praticamente idêntica ao filme anterior, mas com a diferença entre cidades e décadas. Somos apresentados ao personagem principal, Noah (Anthony Ramos), que está tentando equilibrar a vida entre pagar os cuidados médicos do irmão e sua paixão por eletrônicos. De maneira inteligente, soma-se a ele a personagem Elena (Dominique Fishback), estudante curiosa de arqueologia cuja inteligência soma ao charme de Noah na grande trama para ajudar os Autobots e Maximals a salvarem a vida no planeta Terra. Assistindo à versão dublada, é necessário parabenizar a equipe de dublagem brasileira na contextualização de piadas, principalmente com o personagem Mirage (Pete Davidson), cujo humor e afeto servem como uma boa contrapartida aos momentos mais intensos de ação. Estou nomeando os personagens pelos atores originais, mas assim que os créditos de dublagem estiverem disponíveis, atualizarei aqui.
Apesar de uma trama longa e desnecessariamente circular, voltando sempre ao ponto de partida, as cenas de ação são duplamente impressionantes: primeiro pelo CGI, que está muito detalhado e crível (dentro da suspensão da descrença); e segundo por conseguirem transportar as personalidades dos personagens para o seu estilo de luta. Não é fácil dar uma personalidade a um bot, mas eles conseguiram fazê-lo de forma bem humorada e prática. No entanto, para quem não assistiu a nenhum filme da franquia, provavelmente haverá confusão pelo excesso de personagens em tela.
Visualmente, é um filme bastante impressionante, com a fotografia do experiente fotógrafo Enrique Chediak também sendo um destaque, principalmente nas cenas que envolvem os humanos. Mas exatamente por tentar equilibrar excessivamente os climas dos filmes anteriores, ele fica indeciso sobre ser um filme de ação ou ser um filme sobre amadurecimento. Isso cansa o espectador na medida em que se progride com a obra e as mesmas mecânicas são utilizadas algumas vezes. Ele ainda deixa em aberto qual será o caminho que a franquia seguirá.
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