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Fantaspoa Dia 2 - All you need is blood, (Iconic), O Desconvidado e Escuta Bem

Foto do escritor: Carol BallanCarol Ballan

All You Need Is Blood (2023, EUA)


Título original: All You Need Is Blood

Direção: Cooper Roberts / Bucky Le Boeuf

Roteiro: Cooper Roberts / Bucky Le Boeuf

Elenco: Logan Riley Bruner, Amanda Bruton, Emma Chase, Ronald Guttman, Louis Mustillo, Tom O’Keefe, Neel Sethi e Mena Suvari


Quando, como público ou críticos, pensamos na programação de um festival de cinema, existem diversos motivos que levam à escolha de assistir um filme específico. Pode ser um pôster excelente, uma sinopse inesperada ou até mesmo a genialidade do título. Assim, com as únicas informações de que tinha um excelente título e de que era um filme de comédia de horror sobre zumbis, decidimos entrar nessa sessão.



A falta de expectativas talvez seja uma das melhores amigas do cinema. Conforme o filme se desenrolava, seu roteiro parecia cada vez mais engraçado e inteligente: um rapaz e seu melhor amigo, que adoram fazer filmes, negam a oportunidade de se inscrever em um concurso de filmes de horror por não acharem o gênero inteligente o suficiente. Mas por interferência do destino, o pai do rapaz vira um legítimo zumbi. O que se segue é uma série de desventuras crescentes em grau de absurdo, mas que manipulam o sentimento do espectador fazendo com que ele passe das gargalhadas para a comoção.


Existe uma parcela da alegria ao ver o filme que vem da simples representação de estar vendo um filme sobre cinema - algo que envaidece qualquer apaixonado pela sétima arte. Mas mais do que isso, constroi-se um roteiro que mistura a auto-referência bem humorada com algo ingênuo e honesto. Assim como o protagonista que acredita no poder do cinema para mudar a sua própria vida e processar seus lutos, o público tem uma catarse que leva a um processo semelhante. 


Além disso, é interessante perceber o quanto o diretor abraça a linguagem dos filmes independentes para levar a trama para os lugares mais inesperados. Isso é feito de forma bem pensada, com dicas do início da obra se tornando relevantes no seu final - algo que ele sabe que causará alegria no público ao perceber. Ainda que ele seja uma obra que fale com um público bem específico, que gosta de gore na mesma medida em que adora um coming-of-age, ele tira proveito de tudo o que tem de melhor para gerar uma experiência inesquecível a quem assiste.



(Iconic) (2024, EUA)


Título original: (Iconic)

Direção: Matthew Freiheit

Roteiro: Matthew Freiheit

Elenco: Alyssa Anthony, Chris Bourdreaux, Emma Jade e Cherish Waters


Continuando com a surpresa, o caso de (Iconic) é exatamente o oposto: escolhido por conta de uma ótima sinopse, exibido anteriormente no festival SXSW, com um grande potencial de ser um dos filmes preferidos por conta da temática. A proposta é retratar o universo de influenciadoras a partir de uma garota que cria um produto que acaba causando graves queimaduras em outro grande nome deste universo. No entanto, apesar da proposta interessante e um formalismo que poderia elevá-lo, a obra cai em contradições tão profundas que se torna quase insuportável de assistir.




Cumprindo a sinopse proposta em seus primeiros minutos, logo se percebe que o filme busca abordar o universo da fama pela internet de maneira crítica, mostrando a solidão e o vazio existencial presentes na vida da protagonista. Ensaia-se uma crítica sobre a rivalidade feminina e o machismo, e aqui a obra começa a não conseguir se comunicar com o espectador. Percebe-se um esforço consciente em tratar do machismo, mas o diretor não tem nenhuma consciência sobre o olhar masculino que fetichiza a personagem em todas as situações.


Ainda que a base do roteiro continue sendo inspirada, a forma que o filme trata de seus assuntos é sempre problemática. Além dessa fetichização feminina, percebe-se uma romantização de relacionamentos homossexuais e vilanização da saúde mental, algo totalmente fora de contexto para uma obra que tenta tratar da modernidade. Mesmo o formalismo que a obra utiliza, baseado na repetição de música, cortes rápidos e cores vívidas, apesar de passarem uma mensagem, tornam a obra excessivamente caótica, gerando mal-estar físico em quem assiste.


Mostrando que nem toda boa ideia gera um bom filme, a obra se tornou uma das mais comentadas do festival, mas por conta de seu potencial desperdiçado.



O Desconvidado (2024, EUA)


Título original: The Disinvited

Direção: Devin Lawrence

Roteiro: Devin Lawrence

Elenco: Sam Daly, Ronnie Gene Blevins, Tommy Bechtolf, Bryson Robinson, Mia Challis, Rene Aranda, D.K. Uzoukwu, Alana Johnston e Dani Reynolds


O término de um relacionamento é sempre difícil, mas ele se torna um filme de terror quando todos os seus amigos são perdidos para o seu ex. Assim, o filme trata deste terror existencial com uma lente de aumento ao retratar uma sequência de problemas que levam ao desfecho violento.



O longa-metragem entrega um valor de produção muito além de seu pequeno orçamento, com diálogos inteligentes e bem-humorados misturados a cenas de ação bastante complexas. Percebe-se que a equipe de maquiagem de efeitos especiais trabalhou muito e trabalhou bem, levando a imagens realistas e bastante aflitivas. Seu humor, ainda que seja rápido e atual, infelizmente sofrerá com a temporalidade, com algumas piadas um pouco específicas demais para fazer sentido ao longo de anos. Ainda assim, as atuações e o ritmo acelerado da obra conseguem manter o espectador extremamente envolvido e conectado com a história.


Com um estilo próprio e conseguindo fazer o impossível acontecer com a quantidade de tempo e dinheiro que tiveram para fazer o filme, esse é um ótimo filme de estreia para um diretor que já trabalha com o audiovisual há tempos. Ele nos deixa ansiando por uma segunda obra com maior financiamento e que permita ainda mais sangue e horror.


Escuta Bem (2024, EUA)


Título original: Listen Carefully

Direção: Ryan Barton-Grimley

Roteiro: Ryan Barton-Grimley

Elenco: Ryan Barton-Grimley, Ari Schneider, Simone Barton-Grimley e Richard Gayler


Escuta Bem é uma obra bastante autoral e que conseguiu ser realizada com ainda menos dinheiro que O Desconvidado, fazendo sentido que ambas estejam na mostra de filmes de baixo orçamento. Assim, mesmo com alguns momentos estranhos e uma trama que se alonga por um pouco mais de tempo do que ela parecia precisar, é um feito e tanto para o diretor, roteirista, editor, ator e produtor do longa-metragem e sua pequena equipe.




Sua ideia é relativamente simples, mas ela é executada com detalhes o suficiente para que o longa-metragem ganhe uma identidade própria e se destaque. Um homem que se tornou pai recentemente está entre o acordado e o sono em uma noite em que precisa trabalhar e sua esposa havia combinado de sair com as amigas. Tudo vai bem até que sua filha desaparece - e seu pesadelo se inicia.


Apesar de parecer um pouco genérico, há detalhes da direção de arte como a máscara de bebês assustadora ou os detalhes das babás eletrônicas que deixam a atmosfera realmente parecida com a de um pesadelo real. Mantendo a tensão através de uma montagem com flashbacks que remetem a situações de violência e uma narrativa que ameaça um ser indefeso, ele torna difícil ao espectador tirar os olhos da tela. Mesmo com alguns momentos estendidos em uma ideia específica, isso nunca acontece por tempo o suficiente para que se perca completamente a tensão e a atenção.


Novamente, outro filme que faz jus à mostra de pequenos orçamentos e mostra que é possível fazer muito com pouco.


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