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Lançamento da Semana: A Filha do Rei do Pântano (Neil Burger, 2023)

Foto do escritor: Jean WerneckJean Werneck

Adaptado do livro homônimo, filme com Daisy Ridley traz suspense sem personalidade e drama enfadonho. 


Helena é obrigada a enfrentar suas memórias de infância quando seu pai, preso por ter sequestrado sua mãe e mantê-la em cativeiro, foge da cadeia e ameaça a segurança da família. Essa é a premissa básica de A Filha do Rei do Pântano, novo suspense da Diamond Filmes que trata das heranças emocionais positivas e negativas que trazemos de nossos pais. O tema do longa gera interesse, mas é sabotado pela direção insípida que se curva diante do roteiro sem sobrepor qualquer estilo. 

Adaptar uma obra literária que brinca com elementos de suspense e thriller para o cinema demanda autoralidade para criar um filme autêntico e que prenda o espectador do início ao fim. Essa é a arte que Hitchcock dominava completamente e que deixou como enorme legado cinematográfico para as gerações seguintes. Entretanto, Neil Burger parece nunca ter visto Um Corpo que Cai ou Psicose. Sua direção é o completo oposto do cinema de autor ao apenas encenar cada palavra do roteiro e fazer do suspense um gênero óbvio e sem reviravoltas. Burger descaracteriza tudo que pode do suspense e apresenta um filme genérico. Após a revelação do primeiro ato e passagem de tempo, o longa cai em um marasmo de técnicas padrões que poderiam ter sido elaboradas por uma inteligência artificial.


Além de um formalismo e mise-en-scène sem identidade, A Filha do Rei do Pântano aposta na ideia de que sua lição moral é suficiente para sustentar a produção como algo inovador. Aqui novamente há um equívoco. A perspectiva que conecta toda a narrativa sobre o que devemos carregar e o que devemos descartar de nossa criação é algo batido no cinema e fica expresso por frases familiares como: Proteja sua família a todo custo  ou Sacrificamos o necessário para sobreviver. Além de um tanto maniqueísta, o enredo trata como libertador um olhar limitado e já repetido em Encurralados, de 2007, ou mesmo centenas de outros longas. A sensação de já ter visto A Filha do Rei do Pântano antes é real porque se trata de uma trama muito comum e esquecível que nos faz questionar se valeu a pena comprar o ingresso. 


Por fim, Neil Burger mantém a mediocridade de sua filmografia e nem mesmo o nome de Daisy Ridley - famosa por protagonizar a nova trilogia de Star Wars - atrai a atenção no pôster. Brooklyn Prince - atriz mirim que chamou atenção após sua atuação em Projeto Flórida - ainda se compromete com uma performance interessante da versão mais jovem da protagonista, mas não pode se destacar com o pouco tempo de tela que tem. Dessa forma, não perdemos o fôlego em nenhum momento, pois estamos assistindo um filme de suspense que, em sua essência, não tem suspense. 

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