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O Chef (Philip Barantini, 2022)

Foto do escritor: Carol BallanCarol Ballan

A temática de trabalho em cozinhas profissionais não é uma novidade no cinema, como provam filmes que vão desde a comédia dramática Chef (2014) até a animação para toda a família Ratatouille (2007). Ainda que esse não seja um universo inovador, o lançamento O Chef (2021) trás uma nova e mais ousada visão sobre ele.


Em um plano sequência é contada a história de uma noite muito importante dentro de um restaurante movimentado e importante em Londres. Da chegada do chef Andy Jones (Stephen Graham), que está passando por um momento delicado em sua vida privada, até o fim da noite, são mostrados os diversos dramas que percorrem a vida das pessoas que ali trabalham. Da relação com a sua sub-chef Carly (Vinette Robinson), que comanda a cozinha enquanto a vida pessoal de Andy desaba, até as dificuldades de conciliar os interesses da cozinha com os da gerência do estabelecimento, personificados na figura de Emily (Hannah Walters), as tensões apenas crescem à partir do início do longa, no qual descobrimos que o restaurante está passando por uma inspeção sanitária inesperada.


Sua fotografia, que se baseia em uso de câmera na mão e de cortes invisíveis para simular o plano-sequência, é extremamente adequada aos objetivos de imersão de Philip Barantini, que dirige o seu segundo longa-metragem após anos na carreira de ator. Essa linguagem cinematográfica permite que os espectadores se envolvam em cada uma das histórias pessoais contadas, mesmo que apenas pinceladas, e se sintam parte da ação mostrada em tela. Então, na medida em que esta se intensifica, torna-se difícil até respirar.


Essa sensação é potencializada pelas atuações, tão naturais que facilitam a suspensão da descrença de quem assiste. Além do destaque para os papéis principais, coadjuvantes como Jason Flemyng e Lourdes Faberes, que interpretam Alistair Skye e Sara Southworth, respectivamente ex-chefe de Andy e famosa crítica culinária, também permitem que se compreenda todas as pressões que estão sendo exercidas naquela noite. Ainda que haja muitos personagens, não se tem a sensação de que nenhum deles esteja ali apenas para preencher um vazio no roteiro, mas sim por uma boa estrutura de roteiro que permite que se acrescente camadas a cada vez que a câmera se volta a um novo personagem.


E mesmo que não se conheça nada sobre o funcionamento de uma cozinha, todas as informações necessárias são passadas ao espectador de maneira pouco redundante ou cansativa, em um excelente trabalho de roteiro de Barantini com James Cummings, que assina seu primeiro roteiro de longa. Talvez a coragem de criar em um formato mais ousado tenha surgido exatamente do frescor do diretor e roteiristas, que não se ativeram aos formatos mais utilizados e realmente buscaram a melhor maneira de contar sua história. Mesmo que exista alguma previsibilidade do que irá acontecer, isso ajuda a criar tensão ao invés de removê-la.


O resultado é uma obra que permite que o espectador se envolva completamente e termine a sessão precisando de alguns minutos para respirar e seguir com sua rotina. Compreendem-se todas as indicações e premiações do filme, que infelizmente ficaram limitadas ao continente europeu por conta de sua distribuição, e cria-se uma curiosidade sobre os futuros projetos do diretor.

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