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O Telefone Preto (Scott Derrickson, 2022)

Foto do escritor: Carol BallanCarol Ballan

Quando se une uma boa história de terror original a um diretor de reconhecida competência, é muito difícil que o resultado final seja desastroso. E por isso O Telefone Preto, baseado no conto de Joe Hill e dirigido por Scott Derrickson, tem se mostrado um sucesso de bilheteria e público.


A história da pequena cidade que começa a sofrer com os sequestros de crianças pode não parecer original em um primeiro momento. Mas quando se adicionam detalhes como o vilão assustador chamado apenas de Sequestrador e brilhantemente interpretado por Ethan Hawke, o telefone preto que toca no porão de sequestro e a trama dos irmãos Finney, o sequestrado, e Gwen, capaz de receber dicas sobre o caso através de sonhos, é possível compreender a sua originalidade. Apesar de inicialmente se assemelhar aos grandes sucessos de Stephen King, pai de Joe Hill, na medida em que a trama se desenvolve é perceptível que a influência só se mantém em uma camada superficial.


O equilíbrio entre interessantes personagens e a boa atuação é um dos elementos que leva o filme ao sucesso. Além de Ethan Hawke representando um vilão incomum, cujas motivações não são absolutamente explicitadas, Madeleine McGraw também rouba a cena com a personagem Gwen. A mistura da personalidade ousada com as hilárias conversas com Jesus sobre seu dom são parte de seu destaque, ao mesmo tempo em que Finney, interpretado por Mason James, é interessante pelo arco de crescimento e amadurecimento através de adversidades , mas não consegue manter a tensão do espectador nas cenas mais emocionantes.


As decisões da direção de Scott Derrickson, responsável por O Exorcismo de Emily Rose e A Entidade, são inesperadas ao se pensar nos seus trabalhos anteriores. Com menos jumpscares e mais aprofundamento da tensão através de trilha sonora e roteiro, a construção difere das demais - ainda que o sobrenatural seja uma parte importante da obra. Mostrar o horror real que as crianças passam ao lidar com o pai alcoólatra antes de apresentá-las no contexto sobrenatural ajuda o espectador a criar empatia e ligações emocionais com as suas jornadas.


Como esperado em obras do gênero, as decisões de fotografia e arte também são essenciais para manter o ritmo e credibilidade. Com cenas onde o uso de câmera móvel revela os fantasmas aos poucos e a estética onírica dos sonhos de Gwen, as relações com It: A Coisa e a série Stranger Things são colocadas de maneira sutil, mas presente. E a escolha das máscaras utilizadas pelo Sequestrador também é eficiente: ao mesmo tempo em que se cria um símbolo fácil de reproduzir em futuras obras, spin-offs e merchandising, reforça-se a atuação através de gestos, voz e símbolos.


O resultado é o filme de terror original e assustador que se tornou marca registrada da Blumhouse, produtora de Jason Blum responsável por sucessos como Atividade Paranormal e Corra!. E, para os fãs de terror, a volta de Derrickson ao gênero pode ser celebrada, com direito a grandes bilheterias, salas de cinema lotadas e críticas positivas.

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