O grande lançamento do Universo Estendido DC nesse começo do ano é Shazam! Fúria dos Deuses, uma continuação quase direta de Shazam! (David F. Sandberg, 2019), disponível na HBO Max. Após a primeira aventura na qual Billy Batson (Asher Angel) recebe seus poderes e se torna Shazam (Zachary Levy), acompanhamos toda a família de Billy, inclusive seus irmãos que também receberam super-poderes, lidando com as consequências de se tornarem supostos salvadores da humanidade enquanto ainda são crianças e adolescentes. Nesta nova narrativa, eles precisam lidar com as Filhas de Atlas, deusas poderosas que desejam restaurar os poderes de seu pai que foram passados a Billy através do Mago (Djimon Hounsou, em uma performance hilária).

A obra já teve sua trajetória marcada por polêmicas quando Zachary Levi, o ator que interpreta Billy, fez comentários antivacina durante a pandemia de Covid-19. Além disso, por ser o primeiro lançamento da DC após Adão Negro, que não foi nem bem recebido e nem lucrativo para a Warner, ele pode ser um guia para o estúdio sobre a viabilidade comercial do DCEU.
O novo filme pode se tornar bastante popular na medida em que seu roteiro segue uma estrutura narrativa de Jornada do Herói bem clássica, com a união familiar sendo o principal guia de crescimento dos personagens. Apesar de haver um foco mais variado entre os irmãos, Billy continua sendo o ponto focal do filme, e esse é o seu maior desafio, dado que Levi parece não seguir o desenvolvimento do personagem adolescente, e parece preso em uma camada de imaturidade que não acompanha o crescimento do alter-ego. Há uma grande previsibilidade da trama de bem vs. mal, com um arco menor de paixão entre os rivais que também é um tanto esperado, mas que considerando a proposta de um filme mais focado em entretenimento e um público mais jovem, não causa grandes impactos na obra.
O diretor David F. Sandberg consegue repetir o equilíbrio entre cenas de humor e ação, permitindo que o público se entregue à diversão. Diferentemente de outros filmes que utilizam a sátira de filmes de super-heróis, ele mantém tanto o nível de violência das cenas quanto os detalhes da trama bastante brandos, focando no seu público pré-adolescente e adolescente. Ele consegue entregar exatamente aquilo que ele promete: duas horas de um garoto que se tornou super-herói sem querer e agora precisa lidar com as responsabilidades que vêm com o cargo. Entre a dificuldade em equilibrar a rotina e uma paixão improvável, pode-se perder o público adulto, mas a diversão é garantida aos mais jovens.
Em relação às vilãs, é interessante observar a dinâmica entre o trio de mulheres no qual cada uma possui uma característica principal, e não há apenas uma confusão de personalidades. O contraste entre a compaixão de Anthea (Rachel Zegler) e Kalypso (Lucy Liu) é particularmente interessante, criando uma dicotomia entre o núcleo vilanesco que também as aproxima de uma realidade mais palpável.
A obra não se leva a sério demasiadamente, o que é sua grande qualidade e que provavelmente vai atrair um grande público às salas de cinema. Esse é um bom sinalizador para o estúdio, que está passando por diversas mudanças nos seus próximos passos e poderá focar em obras que falem diretamente com o seu público.
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